domingo, 30 de setembro de 2012

15º dia: Guarda, Castelo Rodrigo, Almeida


Acordamos com o prenúncio de um dia de muito calor, o que realmente ocorreu. Tomamos nosso "pequeno almoço" no próprio hotel, preparamos dois "megasandubas" para viagem e partimos em direção ao norte de Guarda. Paramos no caminho para abastecer o carro com combustível e, no restaurante do posto, Mary tirou uma fotografia minha ao lado de um sósia meu, segundo ela. A dona e cozinheira do restaurante apareceu e nos mostrou o cardápio da semana: cada dia é um prato diferente, bem lusitano e fiquei imaginando os motoristas de caminhão que devem parar ali para se reabastecer... Morri de inveja, pois o aroma que saía da cozinha era muito bom! Mas estava muito cedo, ainda. Então fomos em frente. Chegamos a "Figueira de Castelo Rodrigo", cidadezinha mais moderna, com vários prédios baixos e mais novos. Não é um local turístico, tradicional. Dirigimo-nos, dali, para "Castelo Rodrigo", vilarejo que fica um pouco antes da cidade e no topo de uma colina, cercado por muralhas. Deixamos o carro estacionado dentro da cidade e demos uma volta a pé. Fomos até a lanchonete/loja desouvenirs, onde
compramos uns pacotinhos de figos secos, um refrigerante e uma cerveja para acompanhar os sanduíches que levamos. Mas antes puxamos conversa com a atendente e, durante a conversa, surgiu um senhor que começou a conversar conosco, em francês. Quando lhe falamos que somos brasileiros, ele passou a contar um pouco da história de vida dele, agora em português. Disse-nos que havia se mudado para a França, lá pelo ano de 1958, em busca de trabalho, pois ali onde morava estava muito escasso. E discorreu durante mais ou menos uma meia hora sobre sua luta por lá, suas venturas e desventuras, quando retornou a Portugal, etc. Dava para escrever um livro! Nos despedimos, desejando boa sorte a todos, lanchamos e fomos para "Almeida", distante uns 20 km. Antes de chegar entramos numa estradinha estreita em direção a Colmeal, vilarejo totalmente em ruinas, onde não se via viva alma e conta-se que foi onde nasceu Pedro Álvares Cabral (há controvérsias...). Voltamos para a estrada principal e seguimos para Almeida. É uma cidade/fortaleza, cujos muros tem a forma hexagonal, de maneira que uma das extremidades da muralha aponta para a fronteira com a Espanha, distante 25 km dali. O objetivo era permitir que as forçasarmadas portuguesas conseguissem vigiar a fronteira das invasões espanholas, no início do século XVII. No interior da vila está o "Museu da Armada", que visitamos (entrada grátis) e onde está contada e retratada grande parte da história das batalhas entre portugueses e os invasores, assim como armas da época e uniformes. Também dentro das muralhas encontram-se bares, cafés e restaurantes, uma pousada, igrejas e a administração do município. Estivemos numa loja de artesanatos onde o proprietário, Sr. João, nos contou mais um pouco da história do lugar e nos informou que grande parte daqueles produtos artesanais, principalmente em cerâmica pintada à mão, estão rareando, já que os jovens estão buscando oportunidades de trabalho em outros países, como França e Alemanha, deixando de aprender e de perpetuar esta tradição. Também os bordados, outra das especialidades da região, estão deixando de ser produzidos, pelos mesmos motivos. Pena! Fomos, então, tomar um café na cafeteria ao lado da loja e o Sr. Atílio, proprietário, barista, garçon, etc, nos enriquece mais um pouco com informações históricas da fortificação e do vilarejo. Após a aula, resolvemos dar uma "chegada" até aEspanha, já que ela está bem perto dali, não tem posto de fronteira para tomar nosso tempo e é só atravessar uma ponte sobre um riacho! Seguimos em direção ao vilarejo espanhol denominado "Aldeia do Obispo" (é assim mesmo, não é erro de digitação, não...), pequenininha, antiga. Dez minutos lá e retornamos a Portugal, rumo a "Castelo Mendo", mais uma aldeia no interior de uma fortificação em ruínas na região. No portal de entrada, dois javalis esculpidos em granito estão de guarda. Segundo a lenda, eles foram colocados ali para impedir a entrada de outros animais. Isto nos foi contado por uma senhora que estava no portal e começou falando francês. Como lhe dissemos que éramos brasileiros, ela continuou em português. No final da história ela nos ofereceu um "santinho" de papel, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, em troca de "qualquer quantia"! Demos 2 euros a ela e concluimos que temos "pinta" de turistas, mesmo... Entramos no vilarejo com o carro e as ruas eram tão estreitas que ficamos com receio de ficarmos "entalados" ali dentro. Dali voltamos para "Guarda", ao hotel. Tomamos banho e saimos para jantar no restaurante recomendado pelo "Açoriano", "O Jaime". Achamos o caminho em direção à estação ferroviária, seguindo as instruções recebidas e, chegando lá perto, paramos numa padaria para pedir informações. Um "gajo" que bebia uma cerveja disse que o seguíssemos pois ele nos levaria até o restaurante. Chegamos e procuramos uma mesa, mas lugar só do lado de fora. Como estava calor, topamos e nos acomodamos na área externa, debaixo de umas parreiras de uvas (!). Enquanto aguardávamos para sermos atendidos, descobrimos que estávamos na área de fumantes e eu, como "ex-fumante", comecei a ficar incomodado com aquela fumaceira! Solicitei à garçonete, Ana, que nos arranjasse um lugar lá dentro, onde é proibido fumar. O dono veio conversar conosco e não gostou muito da idéia, achando que eu estava exagerando, que a área onde estávamos era ao ar livre, que a fumaça ia embora... Mas acabou nos colocando lá dentro, resmungando! Eu pedi uma das especialidades do lugar, o"cabrito assado", e Mary a outra especialidade, o "leitão assado". Ambos vieram realmente preparados "no ponto", suculentos, saborosíssimos, acompanhados de batatas fritas e feijão verde. Bebemos uma jarra do vinho tinto "da casa", muito bom, e água. De sobremesa serviram outra "especialidade": uma taça com um creme coberto por chantilly e raspas de chocolate. E para fechar com "chave de ouro" tomei um espresso e paguei a conta: 33 euros. Retornamos para o hotel (encontramos o caminho facilmente...) e subimos para nosso quarto com o objetivo de fazer os planos para amanhã. Mas deixamos para amanhã... Apagamos!
Referência gastronômica:
- Restaurante O Jaime, Rua São Miguel, 53, Guarda.

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